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By Ferramentas Blog

Distância

20 de jan. de 2010

Um ensaio despreocupado corre na sala dos fundos, uma parte da banda tirando as músicas para o próximo show, alheia ao que ocorre no resto da casa. Enquanto isso, na sala principal, principal o futuro próximo do guitarrista é discutido, sem sua participação. A família debate sobre o próximo mês, sobre a viagem, sobre a moradia...


No escritório, a aspirante a comunicóloga se exaspera, sem conseguir focar em sua pesquisa. A conversa é por demais importante para ser ignorada. E é alta demais para permitir a concentração nos textos em outro idioma. Se nem as palavras em português se fixam em sua cabeça! Apenas os detalhes da mudança ecoam em seu cérebro: "Niterói, Niterói, Niterói." Uma cidade desconhecida, mas que guarda tanto do futuro. Ao menos do guitarrista. E o seu? Também estará lá?

A comunicóloga ouve as palavras do senhor, o mais velho na sala, e elas parecem pedras dispostas a enterrar o futuro do guitarrista. São palavras pesadas e negativas, dispostas a prenunciar "não vai dar certo". São quase que raivosas. Mas não podem ser, certo? Afinal, é do futuro do filho que está falando. As outras vozes são mais otimistas, mais leves, mais dispostas a fazer com que as coisas dêem certo. Nelas, a estudante se fixa.

Se tiver planejamento, vai dar certo. Se houver vontade do "migrante", além de paciência. Se não houver estresse demais. Não tem porque não dar. Mas... e se der certo? Se der certo ele estará longe e praticamente incomunicável. É certo que é o futuro dele. Mas estaria o futuro do casal comprometido?

A garota pára de fingir que está prestando atenção ao computador. Não está tampouco focada na conversa. Agora suas preocupações são outras. Não são mais se ele conseguirá encontrar um apartamento com facilidade. Será se eles conseguirão encontrar vôos e coordenar folgas com facilidade. Ele, sempre independente e seguro de si, tão adaptável, se moldando à nova cidade com facilidade. Ela, tão pouco flexível no tocante à distância e tão carente de atenção, de um colo, de sua companhia, ainda que silenciosa, na mesma cidade de sempre. Com os mesmos afazeres de sempre. Ele tem muito para desviar a atenção. Mas e ela?


De repente, sua preocupação não é com traição, com o que ele fará com o tempo livre, com o que fazer com as saudades. É com a adaptação. Com o que fazer com as horas que sobrarão. Se terá foco o suficiente para aproveitá-las de forma útil. De conseguir seu ticket para outro estado. Sua preocupação nunca foi com o outro. Não é tanto com o relacionamento. É consigo mesma.


******
Imagens daqui (avião) e daqui (Niterói). Vi umas fotos de Niterói na internet e gostei. Fiquei com vontade de conhecer. Fiquei com vontade de ir morar lá. Será que consigo ser centrada o suficiente, fazer um bom projeto e passar na prova do mestrado? 2011 promete!... (2010 nem começou e já tô visando o ano seguinte... Nonsene!)
 




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