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By Ferramentas Blog

Back to Black

21 de jan. de 2010

A chuva começou a cair de surpresa, mas pesada, sem jeito de que passaria em breve. O vento fustigava aqueles que ainda se encontravam na rua. As mulheres foram as primeiras a entrar no bar, para protegerem seus cabelos alisados pela escova e as maquiagens tão minuciosamente trabalhadas. Em seguida entraram os homens que ali estavam como acompanhantes e, por fim, os solteiros.

Dentro do bar fechado, nada mais se ouvia da rua. Mal se ouvia a chuva caindo lá fora, tudo abafado pelas conversas, risos, pequenos e agudos gritos femininos e pelo som da banda, que dominava o ambiente. Lá fora, na calçada oposta, um casal ligeiramente distanciado conversava debaixo de uma marquise. As expressões eram tensas. Ela tinha a testa franzida, ele mexia muito as mãos. Estava encostado numa moto preta, o capacete próximo ao corpo. Ele fazia menções de subir na moto e deixá-la ali. Ela não ia com ele, mas não o deixava partir.

No palco do bar, a vocalista começa a cantar uma música de Amy Whinehouse.

We only said good-bye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to.....
I go back to us 


A mulher parece a ponto de chorar. O homem parece estar com raiva. Começa a colocar o capacete, quando ela estende as mãos para ele. Faz uma pergunta. Ele para para pensar no assunto. Lá dentro, várias vozes femininas acompanham a cantora no refrão. A chuva fica cada vez mais forte, tamborilando na marquise, na fachada do bar, nas placas do mobiliário urbano.

Um tiro ecoa pela rua. O motociclista que estava discutindo sob a marquise cai no chão, sem ao menos ver de onde veio a bala ou quem a disparou. A mulher não olha para os lados. Toda a raiva, todo o desespero antes estampados no seu rosto se transformam numa tristeza profunda, os ombros caem em resignação. As lágrimas contidas vêm a tona, ela se vira e caminha devagar para longe do corpo, cujo sangue escorre para a vala e escoa com a água da chuva. No bar, apenas aplausos enquanto a cantora repete a mesma palavra até o encerramento da música.

A mulher que se afasta não ouve nada fora de sua cabeça, mas se identifica com o final da canção.


Black...
Black...
Black...
Black...



*****
 Um conto totalmente ficcional. A única coisa que realmente aconteceu foi que a chuva caiu forte no sábado passado (16/01) enquanto os Old Boys tocavam Back to Black e a Beira Rio, aonde se localiza o Astral Drinks, estava um deserto. Letra da música completa aqui


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1 comentários:

Anunciação disse...

Valeu.

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Isto não é uma democracia. (clique e entenda)

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