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By Ferramentas Blog

Dia 8: Mais chuva, quedas de energia e o inevitável retorno

8 de abr. de 2010

07.04.2010
Noite anterior
Na noite do dia 6, por volta das 23h, faltou luz novamente. A chuva não era tão violenta quanto na noite anterior, mas com tudo já encharcado, imaginamos que fosse haver novos acidentes. O mar na Baía de Guanabara estava agitado, as ondas batiam contra as rochas. Se a calmíssima Baía estava assim, nem quero pensar em como estaria o resto.

BF chamou 3 amigos para o apartamento, para ver o mundo se acabando e tocar violão. Ao menos estava frio e a eletricidade voltou logo no Rio de Janeiro. Apesar de serem poucas e distantes, as luzes providenciaram um mínimo de iluminação no apartamento no último andar. Eu, gênia, tomei o fato da noite anterior como evento isolado e não comprei velas. Como nenhum dos meninos tinha, então, pelo menos, a queda de energia não é algo frequente, eu que dei azar mesmo.

A cantoria e as risadas seguiram noite adentro, mas sou fraca. Decidi ir me deitar a 1h da manhã, que já estava cochilando na cadeira. Logo fiquei sabendo que a energia elétrica retornou cerca de meia hora depois, interrompendo a festinha improvisada e levando cada um de volta para seu apartamento.

Dia calmo

Desenho animado na TV, BF dormindo até tarde, a garoa caindo lá fora, foi um dia sem grandes novidades. Vôo remarcado, taxista confirmado, cólica, reunião do BF com o orientador dele na UFF. Pensei em ir para o shopping, dar uma volta, mas cada vez que eu criava coragem, a chuva apertava. Desisti.


Preparação

Ajudei o BF com o jantar e, infelizmente, chegou a hora de arrumar a mala. Tchau BF, tchau Rio, tchau friozinho gostoso, tchau Niterói, tchau vista para a belíssima baía, tchau apartamento no último andar, praticamente sem inseto, com cama de casal, ar-condicionado e o melhor roommate do mundo. Sim, eu fiquei deprimida.

Em primeiro lugar, estava achando ótima a brincadeira de "dona da casa". Ok, eu não fazia muito mais do que lavar os pratos (e queimar o arroz no último almoço, pardonez-moi!). Mas eu lavei algumas roupas, se tivéssemos ido ao supermercado, eu teria sido de alguma ajuda, porque pelo menos sei escolher as coisas. Não tinha irmão enchendo o saco. Eu estudei (só em 2 dias, mas estudei), tirando quando queria um livro pra ler e não tinha nenhum, eu gostei da brincadeira de estar num canto calmo, tranquilo, silencioso e geladinho...

Senti que eu gostaria de sair de casa. Na verdade, eu sempre esperei ansiosamente por esse momento, mas vi que, talvez, esteja na hora. E que sim, eu sobreviveria.

Partida

21h40. O táxi já me espera na portaria. Despeço-me do BF, não tão longamente quanto gostaria. Descemos o elevador. Despeço-me do porteiro, dou um último abraço no BF, que coloca minha mala no carro, me contenho para não chorar e vou embora, olhando para a entrada do edifício e para o meu rapaz por trás do vidro fumê, doida para poder ficar indefinidamente. Triste porque não sei quando vai ser nosso próximo encontro. Achando que foi muito pouco tempo, que nem deu tempo de me acostumar.

No táxi, o motorista me informa: novo desabamento, 50 casas foram soterradas num morro em Niterói. Ainda não se tinha noção de quantas foram as vítimas. Enquanto cruzávamos a ponte em direção ao Rio, vimos bombeiros, ambulâncias e policiais indo para Niterói.

Vôo

Tranquilo, sem surpresas no início. O inglês dos tripulantes é sofrível, mas isso não é novidade. Diversos assentos vazios. Ao meu lado, um rapaz, de Guaratinguetá, se não me engano, conversava com a moça na cadeira da janela. Eu ouvia um pedaço da conversa. Ele nunca foi a João Pessoa, mas sua mãe é de lá. Ela, não sei bem o que estava fazendo. Estavam se conhecendo. Tiro um cochilo breve, e as luzes do avião se acendem para o lanche e vejo que o casal passou para o reconhecimento fisiológico. Taí algo que eu nunca imaginaria: uma ficada num vôo de 3 horas com uma desconhecida na cadeira ao lado.

Chegada

O avião ficou 15 minutos rodando o aeroporto para poder pousar. Os pais do BF me pegaram no aeroporto, a volta foi tranquila. Logo vi que tinha deixado um monte de coisas em Niterói: as chaves de casa, o cadeado da academia, minha agenda...

Depois de acordada, mais ou menos reinstalada, sofrendo com o calor pessoense (estava dormindo tão bem lá, aqui  fico virando de um lado pro outro e suando o tempo todo...), entrei em contato com o meu "niteroiense" e vi algumas notícias na TV.

Mais Niterói

O acidente que soterrou as 50 casas, que mencionei lá em cima, matou pelo menos 200 pessoas. Diferente do que pensávamos ontem à noite, parece que o lugar era um depósito de lixo e os gases acumulados sob a terra geraram uma explosão. Acumulada à chuva, terreno encharcado, ocupação irregular...

Seguindo o twitter @LeiSecaRJ, ouvindo as rádios cariocas no www.radios.com.br e conversando com o BF no MSN, estou tendo informações atualizadas do que está acontecendo. Assaltos no Centro, no Shopping Plaza, arrastões, atentados... A polícia desconversa, fala que estão havendo protestos. Desconfio. Ela diz isso para evitar pânico.

Repito o que os prefeitos do Rio de Janeiro e de Niterói falaram na terça-feira, quando foi decretado o estado de calaminade pública em Niterói: não saia de casa a não ser que haja necessidade. Violência, protesto ou irregularidades da natureza: quem é que vai querer estar lá para ver e correr a chance de ser incluído na coisa toda?

(Ok, os jornalistas e aqueles que prestam socorro à população, fora isso ninguém tem nem pra quê ficar lá. Aproveita o climinha bom, deixa o rádio ligado, pega um livro e se estica no sofá. Era o que eu queria estar fazendo.)

Os outros dias:


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