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By Ferramentas Blog

A Busca por Tofu

7 de dez. de 2009

Já fazem duas semanas que meu gato continua sumido. Já espalhei fotos, conversei com pessoas, apelei na internet. Pesquisei sobre o cio das gatas e outros motivos que os felinos têm para desaparecer. Como comentei no outro post, até pensei em carregar o gato amarelo, terror das gatxinhas, dono da área e carrasco de duas gerações de gatos, para algum outro lugar. Talvez com ele longe, Tofu voltasse mais fácil.

No momento, não há nada o que possa fazer, a não ser esperar.

Numa das minhas andanças, atrás de criadores ou cuidadores de gatos, descobri um casal de idosos morando na rua atrás da minha. São residentes da mesma casa a 18 anos, possuem duas filhas, uma fisioterapeuta, uma doutoranda em Química e apaixonada por arquitetura. Ambos possuem o sotaque paraibano, mas o homem tem algo de misturado. Conversando com ele, fico sabendo que trabalhou durante anos em Santos (SP), depois foi para o Rio de Janeiro, antes de se fixar em João Pessoa, numa rua de terra, num bairro calmo.

Rua esta que prometem há 18 anos que será calçada. Bairro este que não tem mais quase nada de calmo. Para os pobres gatos, nunca houve.

Seu Xavier tem dois cães de grande porte e sua esposa "coleciona" aves: na garagem na qual caberiam três carros e no que já foi uma confortável casa de cachorros há várias gaiolas com diversas espécies de pássaros. Dona Zulmira - ou Mira, como Seu Xavier carinhosamente a chama - fala alegremente que ninguém dorme depois das 4h30, por causa da cantoria matinal. Penso na situação e imagino como extremamente desconfortável. Eles gostam. Eu não critico. Ao menos eles amam os animais que têm - e os que não tem.

O casal Xavier é indignado com maus tratos a animais e, ainda que não possam adotar os gatos, por causa dos cães, os alimentam diariamente. São cerca de 13, que estão constantemente sob a sombra das árvores da calçada ou encostados no portão, durante a noite.

"Nós os alimentamos duas vezes por dia, de manhã e no fim da tarde", me diz d. Zulmira. Seu Antônio complementa: "Damos um litro de leite todo dia de manhã. Depois ração. No fim da tarde, mais ração. Eu dei comida pra eles um pouco antes de você chegar, tá vendo? Toda semana compro 13 litros de leite! Gasto um dinheirão, mas eu gosto, sabe?"

Estimulo o senhor a continuar a história:

"Acho uma maldade, uma judiação ver os bichinhos com fome, sofrendo. Então eu dou comida. E o senhor que mora naquela casa que tem um jardim da frente também dá. Uma vez a gente se encontrou e ele me parabenizou pela ação. Mas eu faço porque gosto.

"Mas não é todo mundo que gosta. O vizinho mesmo já disse que não gostava. E uma mulher que mora perto da academia [Quatro Estilos, onde um funcionário também alimenta gatos e cuida deles] disse que ia comprar um pit-bull pra pegar eles.

"Tem um moleque que morava por aqui que vinha maltratar os bichos. Hoje ele já é um rapaz. Um loiro, que usa brinco numa orelha, você conhece? Ele já veio aqui com estilingue, que eu tomei dele. Teve uma vez que ele e uns amigos pegaram um gato e ficaram passando com a bicicleta por cima dele, até que morreu atropelado."

Seu Antônio diz que o garoto (agora rapaz) sumiu depois de severas ameaças e diversos estilingues confiscados. Hoje, quando vê um dos Xavier na rua, fica sem jeito e ressabiado. Eu sinto raiva dele e pena dos gatos.

Saí da casa do casal idoso com uma grande apreensão pelo meu gato e com uma esperança no mundo, depois de ter conhecido gente que também cuida dos animais e se importa. E, pela conversa que tivemos, o respeito se extende aos seres humanos de forma pouco encontrada atualmente.

Talvez seja pedir demais que esse zelo se espalhe e penetre certas cabeças miúdas, mas a faísca se acende em situações como essa.

Se encaixa no post sobre gentileza escrito por Eloísa em seu novo blog, Je Suis Diva! Ela também está ajudando na busca pelo meu gato: leia.


Ler o post do sumiço de Tofu.


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