(al.te.ri.da.de) sf.
1 Qualidade ou natureza do que é outro, diferente.
2 Fil. Fato de ser um outro ou qualidade de uma coisa ser outra
[F.: Do lat. alter, 'outro', + -(i)dade.]
- Definição do Aulete
- Leia mais na Wikipedia
Li recentemente (não lembro onde) que falta aos jornalistas a capacidade dese colocar no lugar do outro. Não acho que falte aos jornalistas, acho que falta a um monte de gente. E, por mais que eu seja a favor de primeiro cuidar de si e resolver os próprios problemas, temos que parar, de vez em quando, e ver o que o outro está fazendo, o que está achando, do que ele precisa. Nem que seja só o parente, amigo ou colega. Começa assim, depois melhora.
Os textos jornalísticos carecem, principalmente, de personalidade. Até os erros gramaticais e de concordância costumam ser parecidos, parece que foi combinado. Os textos são distantes demais, nem o leitor se identifica com o autor, nem o autor com o público. Talvez o fazer notícia precise ser repensado, mas não vou entrar no mérito da questão.
No Twitter, nós temos o melhor e o pior das pessoas (para os males, inventaram o block). E tem gente que fala que o serviço é o ápice da exposição e da falta do que fazer. Mas, querendo ou não, ele é a melhor ferramenta de conexão de pessoas, na minha opinião.
A conta-gotas nós podemos ir conhecendo as pessoas, vendo o que elas têm a oferecer e com o que nos identificamos ou deixamos de identificar. Descobrimos mind-alikes via retwits. E sim, divulgamos que almoçamos frango grelhado, em seguida que os astrônomos acharam uma estrela mais antiga que as outras e que pode dar mais informações sobre o big-bang, depois que escrevemos algo novo no blog, depois que houve uma batida que fechou a principal avenida, confessamos paixões imaginárias por personagens fictícios, elogiamos cortes de cabelo e cores de unhas... O ser humano é feito de banalidades? É. Também. E é com elas que nos identificamos, não com um simples link para uma notícia mal escrita com uma batida de carro ou informações sobre cinema, administração ou publicidade.
No twitter eu descobri um cara chato pra kct com opiniões consideradas polêmicas, mas que parecem com as minhas. Outras que divergem totalmente. E me interessa saber o que ele tem a falar de útil e vê-lo esculhambando salsas e trolls por aí. Tem dias que me interessa saber que ele comeu carpaccio, outros que não. Quando eu não tô a fim, relevo. (@Cardoso, representando o primeiro de muitos blogueiros interessantes que comecei a seguir e que também não aturam salsinhas.)
Eu descobri também que uma pessoa é totalmente diferente de como eu imaginava. Quando a vi nos corredores do Decom, achei que nem ela ia gostar de mim nem eu dela. Mas minhas amigas gostavam, então ela provavelmente era alguém legal, mas com cara de antipática. (Que nem eu.) E, no twitter, vi que ela tem gostos parecidos com os meus, gosta de umas futilidades, mas é inteligente e concorda comigo que dá para ser fútil e inteligente e bom de papo. (@laiza)
Não fosse pelo Twitter, eu e ela teríamos demorado um pouco mais a nos dar bem, como aconteceu com minha praticamente esposa @kitinha. (É um problema: nós nos vemos mais do que vemos os nossos respectivos.)
Não fosse pelo twitter, eu não teria contato com um monte de gente que admiro e com outros tantos que aprendi a admirar. Talvez não tivesse acesso a quantidade de informações que tenho, nem a quantidade de personalidades diferentes. De certa forma, tenho que lidar com todas as diferentes mentes que sigo, entender o que está por trás daqueles 140 caracteres. E eles expõem intimidades? Muitos sim. E eu exponho? Sim, e por que não?
Claro, não vou narrar a minha última sessão de depilação, porque tudo nessa vida tem limites. Mas há algum conforto em saber que outras pessoas têm problemas com irmãos, que passam ou passaram por dificuldades parecidas ou têm uma ideia semelhante a respeito de um assunto. E instiga saber que elas têm opiniões diferentes. Por quê o pensamento diverge? Qual o motivo dele? É válido? E o meu, também é? O que eu posso aprender com isso? Em que posso melhorar.
Interagir. Se colocar no lugar do outro. Opinar. Entender. Bloquear. Se o twitter não é um ótimo exercício de alteridade, eu não sei o que seria.
2 comentários:
Vi algumas palestras muito interessantes sobre jornalismo que estão aqui: http://www.mediaon.com.br/2009/10/06/mediaon-2009/
Acho que vc vai gostar. A parte que eu vi foi o Painel 1.
Muito obrigada, Bruno! Já está no meu Tabbo, só esperando o fim de semana chegar. Amanhã terei tempo de ver. ^^
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