Ontem de noite eu dei comida para Tofu umas duas vezes depois de chegar em casa, dei água mais não sei quantas e fechei as portas com ele dentro, sempre com a preocupação de não deixá-lo ir passear de madrugada.
Hoje de manhã, quando acordei, ele não estava rondando a tigela de comida e pedindo o café da manhã. Não estranhei. Muitas vezes ele aproveita quando minha mãe ou meu pai acordam e se esgueira para o quarto deles, para aproveitar o gostosinho do ar-condicionado e o conforto da cama. E lá fica, até a hora da próxima refeição.
No meio da manhã, minha mãe comentou que ainda não tinha visto o gato. Eu comecei a me preocupar, mas não muito. Na hora do almoço ele apareceria, Tofu não raramente a hora do almoço.
De Tofu |
Mas ele não apareceu. E eu comecei a me preocupar. Mas tinha outras coisas para fazer enquanto arrancava os cabelos e as pessoas ficavam dizendo: "é um gato, gatos são assim mesmo... às vezes demoram pra voltar". Mas não Tofu. Em um ano que mora aqui, por mais que nem sempre esteja dentro de casa, Tofu não é de grandes passeios. A maior parte das vezes que não está esparramado perto de mim ou da minha mãe, está no cantinho dele, em cima do muro, vigiando quem vai e quem vem na rua.
Cai a noite, chega meu pai, liga a TV no volume mais alto que pode sem que a Sudema bata aqui em casa e eu saio pra estudar na casa do namorado. Na volta, vejo na minha rua um gato do tamanho certo, na "gordura" certa, com a estampa preta no pêlo branco certa, formando um terno e uma máscara. Meu coração dispara! É Tofu! Me aproximo e ele corre para longe. Eu corro para dentro de casa, largo minhas coisas e, com apenas as chaves no bolso e um potinho de patê de atum na mão (é, eu sei, mordomia demais, mas estava mais rápido de pegar do que o pote de ração molinha), saio correndo na direção em que o gato foi.
De Tofu |
Pouco depois de mim, sai meu pai, deixando o portão aberto, e eu só o vejo parado na esquina quando estou voltando. Andei quase até a principal, mas nada. Trocamos de lugar: eu fico vigiando o movimento e meu pai vai procurar meu gato. Vejo o animal preto e branco passando e se escondendo próximo dos carros estacionados na rua. Meu irmão faz algo que presta nessa vida e chega. Com alguém pra se preocupar com o portão aberto, eu saio no encalço do meu pai, pego o patê e coloco um pouquinho na tampa.
O gato se aproxima lentamente da comida e começa a comer devagar. Não parece Tofu. Tofu já teria lambido o patê todo. O miado, fino e agudo, também não parece com o arrulhar de Tofu. É fácil identificar um gato que começa a miar arrulhando... Mas a máscara é igual! O resto da estampa no corpo é igual! É barrigudo, o tipo de pêlo é o mesmo, o tamanho é o mesmo... Meu pai mostra que as manchas pretas não são tão iguais, falta a pata. Aquele gato tem as patas totalmente brancas. Eu começo, também, a desconfiar que seja uma fêmea. Mas não quero acreditar nisso, quero que seja o meu gato!!
De Tofu |
O gato se deixa pegar e vemos que é uma fêmea e que está grávida, por isso está pançuda. E eu fico morrendo de pena dela. E de mim. Uma tristeza e uma desesperança que não estavam aqui o dia todo se abatem sobre mim. A espectativa dele voltar pra casa não estava me deixando sentir a perda ainda.
Além da decepção, a preocupação com outros fatores se tornou mais latente. Tofu pode ter sido atropelado por um carro ou por uma das máquinas que estão trabalhando no calçamento das ruas. Pode ter sido atacado por um cachorro. Ou por um desocupado babaca e cruel qualquer. Eu sei como certas pessoas podem ser cruéis com animais e isso me deixa desesperada! Lembro de situações que já vi, da minha aflição e da ânsia de proteger os animais desconhecidos. Isso aumenta ainda mais a preocupação com o meu animal, o meu bichinho, o meu bebê! No meu desvario, coloquei mentalmente a culpa no meu irmão (desse aí, eu não duvido de nada) e no pessoal que está trabalhando aqui em casa, mas que dificilmente teria feito algo. Tofu não os atrapalha, eles não atrapalham Tofu. Na verdade, eles mal se vêem, tão na dele é o gato.
De Tofu |
Liguei para o namorado, que fez o papel do Juízo, controlando uma Insanidade Enfurecida. Ele ajudou a reavivar a esperança e diminuir o desespero. Esta noite eu vou dormir de janela aberta. Se Tofu voltar às 3h da manhã, não quero que ele precise miar até me acordar para entrar.
Tofu sumiu hoje, 25/11, provavelmente pela manhã. Não é normal ele passar muitas horas longe de casa, que dirá um dia! E, pessoal que mora por perto, se virem meu gato, por favor me avisem!
De Tofu |
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