31.03.2010
O Rio de Janeiro me recebeu reticente, nublado. Enquanto o simpático Washington me mostrava aonde deveriam estar o Cristo Redentor, o Corcovado e outras coisas por trás das nuvens, eu olhava em volta do banco traseiro do táxi para coisas mais próximas, para não me frustrar sem ver os morros silhuetando o céu carioca e me frustrei: vi diversas paisagens que dariam ótimas fotografias, mas sou uma jornalista muito fuleira. A máquina estava na mala e as pilhas, descarregadas.
No solo, o céu estava fechado, ainda que tenha aberto mais tarde - um pouco e aos poucos. No avião, no entanto, a visibilidade era ótima e perdi a chance de fotografar diversas ilhas e formações rochosas que pontilhavam o mar.
Depois de uma breve garoa, as nuvens se espalharam um pouco e pude ver, além de diversos morros com favelas, outros tantos sem, a sombra do Cristo, o Corcovado e o que seria meu companheiro pelos próximos dias, o Pão de Açúcar.
Ponte atravessada, Washington me mostrava coisas de Niterói. Pedacinho do Centro, outro tanto dos bairros, o futuro Museu do Cinema, o lugar de onde saem as balsas e catamarãs para o Rio... e eu fiquei com a impressão de que aqui é uma cidade pequena disfarçada de cidade grande. Vi coisas - prédios, botecos, restaurantes, teatros - que vejo normalmente em cidades maiores. Coisas que não vejo em João Pessoa. Ao mesmo tempo tem coisas que são típicas de cidade pequena. Aqui é realmente mais calmo que a capital paraibana. Vejo as pessoas andando tranquilamente na rua de madrugada. Em contrapartida, tem enormes desvantagens: no bairro em que estamos não há um caixa eletrônico 24h e, até onde eu sei, não há uma loja dos Correios por perto. Coisas básicas, mas que fazem falta.
Cheguei perto da hora do almoço e meu namorado me levou para almoçar num restaurante da Universidade Federal Fluminense, no campus em que ele estuda. Aqui não é tudo reunido num só canto. Computação fica aqui do lado, o Departamento de Cinema fica a uns 10 minutos de caminhada, outras coisas são do outro lado da cidade... Aonde vou, vejo um pedacinho da UFF.
O restaurante é pequeno, mas bem equipado. Ar-condicionado, ainda que as portas estivessem abertas, uma lanchonete e, ao lado, as diversas opções de comida. Muita, muita coisa e muita coisa boa! Opções variadas de salada, arroz branco e integral, carne vermelha, branca, de porco, de peixe, coração de galinha, macarrão, feijão, umas gororobas esquisitas, farofas, molhos... Botou no chinelo muito restaurante por quilo que eu já fui, não só pela variedade, mas principalmente pela qualidade da comida.
À noite, o tio do meu namorado apareceu, para nos levar para conhecer a família e jantar. Adorei o tio e a tia e o filho deles, de 3 anos, é uma graça! Loucamente apaixonado pelo primo, estuda numa escola bilingue e veio perguntar meu nome em inglês. Puxou ao primo num outro detalhe: a cada vez que oferecíamos para sair de casa, ele se recusava e dizia que não, que o restaurante deveria levar comida para nós. Criatura tão caseira assim, só meu namorado mesmo.
Cedemos à vontade do pequeno e pedimos comida, num japonês divino que eu queria poder colocar nas costas e levar para casa. (Ok, tem o Tanabata, que não deixa nada a desejar e é perto da minha casa...) O tio abriu um vinho e ficamos no jantar + sorvete + conversa. No caminho, tanto na ida quanto na volta, passamos pela praia e deu para ver o MAC* belamente iluminado e os morros todos acesos. De dia, ficam feios com os barracos, mas de noite parecem árvores de natal flutuando na Baía de Guanabara.
De Niterói (março-abril 2010) |
*Museu de Arte Contemporânea, obra de Oscar Niemeyer.
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