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By Ferramentas Blog

The Spirit - O Filme

4 de jan. de 2010

Frank Miller trabalhou, no início dos anos 1990, com roteiros de cinema e se desiludiu logo com o meio, decretando que toda e qualquer adaptação de seus quadrinhos estava terminantemente proibida (a dramaticidade fica por minha conta).

Aí, nos anos 2000, ele mudou de ideia, resolveu que podia fazer um teste, mas ficou ali, do ladinho, na produção de Sin City - A Cidade do Pecado. E foi bom. E então ele co-dirigiu 300. E aí imagino que ele tenha se empolgado e, em 2008, roteirizou e dirigiu The Spirit, baseado nos quadrinhos de Will Eisner, que eu gostaria muito de ter lido, mas fiquei só nos pedaços utilizados no livro Comics & Sequential Art, do mesmo autor.

E pode ser que eu esteja dizendo isso porque faz tempo que não assisto um filme baseado em quadrinhos (300 não conta mais), mas é o filme mais "quadrinho animado" que já vi, especialmente na cena em que Spirit corre pelos topos dos prédios de Central City.

A fotografia também me lembrou muito de Sin City. O preto e o branco brilhante, o destaque para o vermelho, ainda que, ao longo do filme, as cenas em preto e branco se misturem com cenas coloridas (com cores "desbotadas") e em sépia, quando mostra a parte feliz da infância de dois dos personagens.


É impossível não comparar The Spirit com Sin City, porque, se não me engano, os quadrinhos de Will Eisner inspiraram Frank Miller em sua criação. (Preguiça de abrir um site e dizer com exatidão é triste, mas na hora em que o fizer, vai ser pra voltar pra mono e não vou ter a coragem de "desperdiçar tempo" no blog.) Na hora em que o personagem principal começou a falar, um nome piscou na minha cabeça: Hartingan. Na fisionomia, os dois não tem nada a ver. Mas o discurso de protetor da cidade e da paixão pelo lugar, mesmo sendo perigoso, corrupto e cruel, me fizeram ligar um personagem a outro.

E eu sou muito suspeita pra falar de Spirit sem babar. Primeiro, porque já gostava dele no pouco que conheci dos quadrinhos. Supostamente bonito, definitivamente inteligente, bem-humorado e aparentemente sedutor (os trechos contidos no livro de Eisner não mostram muito esse lado, mas já dava para deduzir). Aí ele aparece com todas essas qualidades, definitivamente bonito e usando roupa social e uma gravata! Nos quadrinhos a vestimenta não teve tanto impacto, mas no filme... Até eu faria feito Ellen (Sarah Paulson) e esqueceria a canalhice dele!

Menos babação e mais filme, né? A história já começa com a ação acontecendo, mostrando os personagens como se já os conhecêssemos (fan movie?), ainda que, mais pra frente, cada um deles vá ser explicado. Já que ainda estamos falando de personagens, tem um deles que achei muito mal-explorado: Plaster of Paris, interpretada por Paz Vega. Tá, tudo bem, ela salva o herói (SPOILER!). Mas me parecia alguém muito interessante pra só aparecer por... O quê? Uns 8 minutos? E olhe que ela está na capa do filme, hein!


Enfim, Spirit (Gabriel Match) é o vingador mascarado de Central City e trabalha junto com a polícia. Até que seu nêmesis, Octopus (Samuel L. Jackson), passa a interferir em tudo. O detetive acha que Spirit deve deixar o supervilão de lado, mas, como todo bom heroi, Spirit é incapaz de ignorá-lo. Afinal, Octopus é que é a raiz de todos os problemas, junto com sua parceira, Silken Floss (Scarlet Johansson, no único papel em que não a achei linda) e suas criaturas desengonçadas e burras (Pathos, Egos, Logos, Adyos etc. etc. etc., interpretados por Louis Lombardi).

Claro que o grandalhão superforte com aversão a ovos, que o enfrenta logo no início do filme, não é a única preocupação de Spirit. Ele também precisa encarar a sedutora e gananciosa Sand Saref (Eva Mendes), com a qual tem uma relação bastante conturbada: a primeira grande paixão, mal curada e jamais esquecida, está de bom tamanho para você? Ela ainda não representa grande ameaça, mas o filme deixa isso no ar.

Octopus é mal, mas também ridículo. Tem um "fetiche" por fantasias (cada cena em seu covil tem um cenário esdrúxulo diferente, como uma decoração de academia de artes marciais japonesas num momento e templo nazista em outro), um sério problema com ovos e tendências a cientista maluco. Por mais que ameace, eu não acho que ele tenha a real intenção de destruir Spirit, parece que se diverte demais enfrentando-o.

O vilão é o responsável pelo crime que inicia o filme, ainda que Spirit acredite ser culpa de Lorelei Rox (Jaime King), o anjo da morte (mais uma coisa que gostaria de conhecer mais a respeito da história). Ao enfrentá-lo, o heroi vê que não é uma simples onda de assassinatos de policiais o que está acontecendo. Octopus está atrás de algo, tem outra pessoa envolvida, e, como protetor da cidade, está nas mãos deles impedir que o pior aconteça.

Como eu estava com sono, não achei a história empolgante de início e, comparada com Sin City, a segunda é melhor. Ainda assim, eu fui acordando e me envolvendo com a história, me deixando levar pela sedução de Spirit e gostando cada vez mais de Sand (ela é uma vilã bem interessante...). Valeu o preço da locação. E vou assistir novamente com minha mãe.


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